Quinta maior cidade do Estado, a 482 quilômetros de Porto Velho, sua população já passa de 86 mil habitantes
O município tem 3,7 mil km² de extensão territorial, continua a se expandir, na área das lavouras, crescimento histórico iniciado na década de 1970. Nesta segunda-feira (11) comemora 44 anos de instalação.
A pujança é visível no capital guardado em seis agências bancárias, nas quais havia, em 2020, R$ 179,1 milhões de depósitos a prazo; R$ 86,5 milhões à vista; R$ 327,8 milhões na poupança e operações de crédito de R$ 766,04 milhões.
Cacoal é a quinta maior cidade do Estado, a 482 quilômetros de Porto Velho, sua população já passa de 86 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre seus ilustres ex-habitantes, o falecido vereador João Gonzaga (MDB) é lembrado, notadamente quando o assunto diz respeito à doação do ser humano, ele pagava as próprias passagens de ônibus para ir às sessões semanais da Câmara Municipal de Porto Velho, no tempo em que Cacoal era apenas uma vila.
Pela Lei Federal n.º 6.448, de 11 de outubro de 1977, desmembrado de Porto Velho, o município tem dois distritos (Cacoal e Riozinho), ambos criados pela mesma lei. A instalação ocorreu em 26 de novembro de 1977, no governo do coronel Humberto da Silva Guedes.
A Câmara Municipal aprovou recentemente o projeto de lei nº 203/PMC, autorizando o prefeito Adailton Fúria a contratar R$ 7 milhões em operação de crédito na Caixa Econômica Federal, a fim de atender aos moradores dos Bairros Liberdade, Incra, Santo Antônio, Santa Clara, Vila Romana, e Jardim Europa, com obras de saneamento básico.
Cacoal lidera em captação de órgãos e número de cirurgias de fígado, rins e córneas. Segundo a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, Cacoal “é uma cidade solidária”.
O Governo do Estado tem investido sucessivamente no Hospital Regional de Cacoal, a primeira unidade hospitalar do estado a fazer cirurgias de lábio leporino. O hospital já superou seus próprios números em cirurgias de queiloplastia, ultrapassando, em mais de dez especialidades, mais de trezentas por mês.
Queiloplastia é o nome dado à cirurgia de aumento, diminuição ou reconstrução dos lábios, capaz de modificar as suas características.
Entre as comparações com décadas passadas, a Associação Comercial de Cacoal faz a mais comum, diretamente ligada ao trânsito; se no final da década de 1970, em ruas empoeiradas, circulavam dezenas de carroças cujos donos faziam frete de mercadorias, material de construção, e pequenas mudanças; hoje o ritmo é outro. As carroças não são mais vistas na paisagem urbana tomada por 72,4 mil veículos automotores diversos.
Até o final de 2022, a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), estima recuperar diversas nascentes e áreas de preservação permanentes ameaçadas pela degradação em Cacoal. E os 3.814 estabelecimentos agropecuários também fazem uso das nascentes para o processo de produção. Assim a limpeza e recuperação destes mananciais, serão vantajosos para quem produz e necessita deles, como para a sustentabilidade ambiental, em geral.
Assim, segundo ela, devido ao excessivo uso da água e para promover com intensidade a recuperação de nascentes e de áreas de preservação permanente, a Sedam organiza atuação mais ampla no município. A irrigação utilizada por proprietários rurais abrange 3,9 mil ha.
CAFÉ CADA VEZ MAIS SURPREENDENTE
Em abril deste ano, quando visitou lavouras da família Bento, o governador Marcos Rocha, por meio da Seagri, estimou a safra estadual de 2021 em dois milhões de sacas de 60 kg. Naquela propriedade quatro vezes campeã do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café em Rondônia (Concafé), promovido pela Secretaria Estadual da Agricultura, Rocha elogiou os produtores de Cacoal, afirmando que o estado tem atualmente um dos melhores cafés do Brasil.
Os indígenas Suruís querem alcançar 2 mil sacas de 60kg em 2021. O café Conilon (variedade robusta) produzido por eles já é vendido à Suíça. A produção começou a ser vendida para o grupo 3 Corações, de Minas Gerais, mediante acordo que prevê o aumento da produtividade com foco na qualidade do café especial sustentável. Organizados em cooperativas, eles também são assistidos pela Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em dois a anos, a Funai investiu R$ 30 milhões na melhoria de infraestrutura agrícola desses indígenas, informa o coordenador regional do órgão, Sidcley José Sotele. Segundo o próprio, a relação dos indígenas com a prática da cultura de plantio do café começou com a homologação da Terra Indígena Sete de Setembro, em 1983.
“Uma parte da área possuía café cultivado por colonos vizinhos. Com isso os indígenas começaram a fazer uso da prática para geração de renda”, assinala Sidcley José Sotele.
Pode-se afirmar que os Suruís contribuíram para consolidar o município de Cacoal como A “Capital do Café” do Estado de Rondônia. “O sucesso do cultivo do café especial e a parceria com a iniciativa privada apenas coroaram a experiência sustentável do café indígena”, acrescenta.
Diz o site do IBGE: “Em 1960, o seringueiro e garimpeiro José Cassimiro Lopes construiu um barraco no lado esquerdo da rodovia, onde permaneceu até o início da década de 1970. Foi quando se intensificaram os trabalhos de abertura da estrada. Grandes lamaçais apareciam no inverno e motoristas impedidos de prosseguir viagem esperavam na casa do seringueiro. Depois começaram a construir palhoças, onde colocaram as mercadorias que levavam à venda para evitar que estragassem”.
Lopes teve parte de suas terras desapropriadas, restando-lhe o que hoje abrange os bairros Bandeirantes, Arco-Íris, Vista Alegre e parte do Setor Industrial. As terras férteis atraíam os migrantes, que começaram a ocupá-las. Comerciantes se estabeleceram, oferecendo aos agricultores fornecimento de gêneros de primeira necessidade e confecções.
Cacoal emancipou-se de Porto Velho em 1977, mesmo ano em que foi instalado. No período do governo do general Ernesto Geisel na Presidência da República, o ex-governador Humberto Guedes teve audiência com o então ministro da Indústria e Comércio, Ângelo Calmon de Sá, sugerindo-lhe um plano de apoio à cafeicultura, porém, retornou frustrado a Porto Velho. O governo federal via os minérios estratégicos já naquele período, deixando de investir na agricultura, o que ocorreria mais tarde.
O tempo provou que Guedes estava no caminho certo, aproveitando ao máximo as recomendações da Embrapa naquela década para expandir a cafeicultura.
Em 2019, o salário médio mensal no município era de dois mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total, 23.8%.
Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 35.6% da população nessas condições, o que o colocava na posição 45 de 52 dentre as cidades do estado e na posição 3.442 de 5.570 dentre as cidades do Brasil.
Cacoal, hoje:
Com 3,7 mil km², renda per capita de R$ 25 mil, Cacoal é pujante na agricultura, notadamente a familiar e também na pecuária, que se estende por 221 mil hectares. Outros números:
- 16,08 toneladas de café por safra, cultivado em 9,7 mil hectares e com rendimento médio de 1,6 t/ha
- 1,9 t de mamão/ano
- 550 t de laranja
- 290 t de maracujá
- 200 t de limão
- 427 mil cabeças de bovinos
- 381 mil galinhas e frangos
- 162 toneladas de peixe tambaqui/ano
- 9,2 t de mel de abelha por ano
- 1.658 ha de pastagens naturais; 171,8 mil ha plantadas em boas condições; 1,4 mil em más condições
- 409 ha constituem o plantio na palha
- 180 ha de florestas plantadas