Porto Velho, RO - Depois das denúncias feitas pelo Vereador Paulo Henrique acerca do uso de rejeito de asfalto em sua propriedade particular, o prefeito Adailton Fúria começou a dizer na imprensa que o vereador teria feito tal denúncia, por estar contrariado por não ter obtido êxito junto ao prefeito, em obter nomeações para cargos públicos (portarias), e também por não ter o prefeito aceitado contratar compra de vacinas diretamente pelo município.
Quanto a imputação que o vereador fez ao prefeito, Fúria jamais negou que o rejeito de asfalto tenha sido mesmo levado a sua propriedade, mas defendeu-se dizendo que o seu sítio, para onde o asfalto teria sido levado, está alugado para terceira pessoa, e que existe uma lei municipal que autoriza o uso de máquinas em qualquer propriedade particular do município.
Já Paulo Henrique disse que nunca teve interesse em negócio de vacinas, mas como no início do ano vários prefeitos e governadores cogitavam de comprar diretamente imunizantes, ele chegou a sugerir ao prefeito que pudesse adquirir também as vacinas para o fim e imunizar a população.
O vereador diz inclusive que até a próxima segunda feira estará instaurando procedimentos cíveis e criminais contra o prefeito e contra o jornalista “Cabo Eliel” que em 3 edições de seu programa na webTV, chegou a calunia-lo por 37 vezes. “Não tem juiz que não o condene”, diz o vereador, certo de que essa história de vacina e de portarias vai terminar muito mal para o prefeito e para o jornalista.
O prefeito Fúria levou a denúncia que fez proliferar na imprensa até as autoridades e foi instaurado um inquérito policial, sob a presidência do Delegado de Polícia Edson Florêncio, que acabou de enviar, na data de ontem, os autos do procedimento à Justiça Criminal de Cacoal, sob responsabilidade do Juiz Criminal Dr. Ivens dos Reis.
Apesar de Fúria ter feito a denúncia, virou investigado pelos crimes de corrupção ativa, passiva e concussão, no inquérito, e até que a apuração termine e determine a responsabilidade de cada qual, o prefeito figura como investigado e não como denunciante.
ANTECEDENTES
Foram juntados aos autos a folha de antecedentes tanto do Vereador Paulo Henrique quanto do Prefeito Adailton Fúria.
O vereador não tem nenhuma passagem policial ou processo contra sua pessoa, enquanto o prefeito tem em seus antecedentes vários processos criminais e passagens por contravenções, ameaça, direção perigosa em via pública e outras ocorrências.
POSSÍVEIS DESFECHOS
As investigações podem chegar a três conclusões. A primeira, que mais interessa ao prefeito, é que surjam indícios de que o vereador realmente tenha incorrido nos fatos denunciados pelo prefeito. A segunda, é a de que se verifique a imputação com a participação do prefeito, como costuma ocorrer em crimes da espécie dos que foram imputados pelo alcaide, e a terceira e mais desejável ao vereador é que a denúncia não se sustente e o prefeito tenha cometido o crime de denunciação caluniosa e responda pela falsa imputação.
STATUS DA INVESTIGAÇÃO
O inquérito se tornou judicial na data de ontem, 7 de outubro, e normalmente isso acontece quando os delegados necessitam da realização de diligências sigilosas que dependem da autorização e um juiz.
Estas diligências não são publicadas nos autos para acesso público e podem ir de buscas e apreensões a quebra de sigilo fiscal e de comunicações até interceptação de telefones.
O fato de ter sido distribuído em juízo sugere que o inquérito entrou em uma fase de apuração mais profunda.
O REJEITO DE ASFALTO
Também na data de ontem foi judicializado o inquérito em que o prefeito é o único investigado por uso de equipamento público em benefício próprio.
Este inquérito que apura o despejo dos rejeitos de asfalto em propriedade do prefeito está distribuído judicialmente para a 1ª Vara Criminal de Cacoal, sob a responsabilidade do juiz Dr. Rogério Montai.
Fonte: Estado de Rondonia