Em seu primeiro mandato, deputado do Avante aposta nos mais de 13 milhões de seguidores e em pautas de forte apelo social para quebrar polarização nas eleições presidenciais
Porto Velho, RO - Pré-candidato à Presidência, o deputado federal André Janones (Avante-MG), de 37 anos, aposta na sua influência nas redes sociais, onde tem mais de 13 milhões de seguidores, para quebrar a polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-cobrador de ônibus, filho de empregada doméstica e formado em Direito, ele foi catapultado em 2018, como porta-voz da greve dos caminhoneiros e se elegeu com 178 mil votos.
Há dois meses, chamou atenção por aparecer na pesquisa Ipec em empate técnico com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 2% das intenções de votos. Ainda que não se defina nem como de esquerda e nem de direita, foi filiado ao PT por nove anos e depois esteve no PSC.
Como pretende fazer campanha num partido com poucos recursos?
Meu partido (Avante) é maior do que era o PSL quando elegeu o presidente Bolsonaro em 2018. A política à base de muito dinheiro e muita estrutura está ultrapassada. Tenho uma estrutura bem razoável e o resto depende da minha capacidade de construir pontes, de mobilizar os meus eleitores e os milhões que já me acompanham nas redes.
Como conseguiu tantos seguidores?
Me formei advogado em 2008 e fiquei 10 anos defendendo os mais pobres gratuitamente. Ingressava na Justiça, por exemplo, para uma família que precisava de um medicamento do SUS e ganhava uma liminar. Em seguida, usava as redes sociais para pressionar o Estado a cumprir a decisão. Assim cheguei a 55 mil seguidores.
Essa relevância local fez com que uma liderança da greve dos caminhoneiros me chamasse para ajudar a liderar o movimento. A greve trouxe os holofotes do país todo. Quando tomei posse já tinha saltado para 1 milhão de seguidores.
Depois, uma série de lives em defesa de causas sociais me catapultaram. Na reforma da Previdência, eu era a única voz fora da esquerda contra a proposta. Mas as lives que me deram mais projeção foram as de defesa do auxílio emergencial, que batiam 20 milhões de views.
A candidatura é para valer mesmo ou só para ganhar projeção nacional?
Na verdade, não quero ser candidato a presidente. São as pessoas que represento que querem. Elas já estão de saco cheio de ficar em casa assistindo a essa polarização enquanto passam fome. É uma candidatura que vem da base da pirâmide.
Por falta de opção ninguém vai ser constrangido a votar nem em Bolsonaro, nem em Lula. Minha candidatura é séria, sim. Não existe possibilidade de desistência. É uma candidatura que vai até o final.
O senhor chegou a declarar que os candidatos da terceira via deixam os pobres de lado. Está disposto a compor com algum deles?
Não existe terceira via. Existe um Lula mais intelectual que é o Ciro Gomes (PDT). Existe um Bolsonaro mais honesto que é o Moro (Podemos). Um puxadinho de Bolsonaro que é o João Doria (PSDB).
É tudo mais do mesmo, farinha do mesmo saco. Por isso que ninguém saiu do lugar até agora. A minha candidatura é uma terceira via diferente, que não faz parte de grandes acordos, que não está sendo negociada fechada entre quatro paredes, mas que está dialogando com o povo. Não estou preocupado com aliança nesse momento.
Não somos reféns de aliança. Pretendo buscar aliança em algum momento, mas por uma questão realmente de fortalecer a democracia, de construir pontes. Mas não estou preocupado em me aliar com partido grande.
Acredita que a sua influência nas redes lhe dá vantagem na eleição?
Nenhum dos candidatos da terceira via têm arrancada de 13 milhões de seguidores que estão na base da pirâmide e que sofrem na pele os efeitos da pandemia. Meu engajamento é de longe o maior. Prova disso é que eu começo a pontuar nas pesquisas sem lançar candidatura, sem proposta, nem nada.
Como será seu programa de governo?
A gente está formulando o programa, que vai priorizar a redução das desigualdades sociais, comida na mesa e emprego para o povo. O carro-chefe será um programa de renda mínima que atenda às pessoas menos favorecidas. A ideia é introduzir os mais pobres no mercado de consumo para que a gente possa movimentar a economia e sair dessa crise. Em breve vamos apresentar os estudos que vão apontar o valor e quem serão os beneficiários.
Ações sociais que contemplem uma grande parcela da população são custosas. Teria preocupação em dar um arcabouço fiscal ao país, como já foi a política do teto de gastos?
Não estou preocupado num primeiro momento em dar segurança para o investidor, mas em matar a fome de quem tem que comer. Temos mais de 14 milhões de desempregados. Tem gente comendo osso em açougue.
O nosso ponto de partida é garantir que as pessoas consigam fazer pelo menos duas refeições por dia. Depois vamos ver como a gente pode fazer isso sem estourar as contas públicas, onde dá para cortar, como nos privilégios da classe política e do Judiciário.
Num eventual segundo turno, quem escolheria entre Lula e Bolsonaro?
Sou um democrata. Bolsonaro é um inimigo da democracia. É um projeto de ditador. Bolsonaro nunca será opção: seja contra o Lula, o Moro ou o Ciro. Com ninguém.
O senhor é evangélico, mas não defende a família tradicional heteronormativa?
Eu não concebo a expressão família tradicional. Eu defendo a família, de todas as suas formas e o amor. E espero que a gente possa caminhar para uma democracia amadurecida em que orientação sexual não seja mais pauta de disputa presidencial. Quem é evangélico é o André. O deputado federal e pré-candidato se propõe a governar para todos.
Fonte: O Globo
Porto Velho, RO - Pré-candidato à Presidência, o deputado federal André Janones (Avante-MG), de 37 anos, aposta na sua influência nas redes sociais, onde tem mais de 13 milhões de seguidores, para quebrar a polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-cobrador de ônibus, filho de empregada doméstica e formado em Direito, ele foi catapultado em 2018, como porta-voz da greve dos caminhoneiros e se elegeu com 178 mil votos.
Há dois meses, chamou atenção por aparecer na pesquisa Ipec em empate técnico com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 2% das intenções de votos. Ainda que não se defina nem como de esquerda e nem de direita, foi filiado ao PT por nove anos e depois esteve no PSC.
Como pretende fazer campanha num partido com poucos recursos?
Meu partido (Avante) é maior do que era o PSL quando elegeu o presidente Bolsonaro em 2018. A política à base de muito dinheiro e muita estrutura está ultrapassada. Tenho uma estrutura bem razoável e o resto depende da minha capacidade de construir pontes, de mobilizar os meus eleitores e os milhões que já me acompanham nas redes.
Como conseguiu tantos seguidores?
Me formei advogado em 2008 e fiquei 10 anos defendendo os mais pobres gratuitamente. Ingressava na Justiça, por exemplo, para uma família que precisava de um medicamento do SUS e ganhava uma liminar. Em seguida, usava as redes sociais para pressionar o Estado a cumprir a decisão. Assim cheguei a 55 mil seguidores.
Essa relevância local fez com que uma liderança da greve dos caminhoneiros me chamasse para ajudar a liderar o movimento. A greve trouxe os holofotes do país todo. Quando tomei posse já tinha saltado para 1 milhão de seguidores.
Depois, uma série de lives em defesa de causas sociais me catapultaram. Na reforma da Previdência, eu era a única voz fora da esquerda contra a proposta. Mas as lives que me deram mais projeção foram as de defesa do auxílio emergencial, que batiam 20 milhões de views.
A candidatura é para valer mesmo ou só para ganhar projeção nacional?
Na verdade, não quero ser candidato a presidente. São as pessoas que represento que querem. Elas já estão de saco cheio de ficar em casa assistindo a essa polarização enquanto passam fome. É uma candidatura que vem da base da pirâmide.
Por falta de opção ninguém vai ser constrangido a votar nem em Bolsonaro, nem em Lula. Minha candidatura é séria, sim. Não existe possibilidade de desistência. É uma candidatura que vai até o final.
O senhor chegou a declarar que os candidatos da terceira via deixam os pobres de lado. Está disposto a compor com algum deles?
Não existe terceira via. Existe um Lula mais intelectual que é o Ciro Gomes (PDT). Existe um Bolsonaro mais honesto que é o Moro (Podemos). Um puxadinho de Bolsonaro que é o João Doria (PSDB).
É tudo mais do mesmo, farinha do mesmo saco. Por isso que ninguém saiu do lugar até agora. A minha candidatura é uma terceira via diferente, que não faz parte de grandes acordos, que não está sendo negociada fechada entre quatro paredes, mas que está dialogando com o povo. Não estou preocupado com aliança nesse momento.
Não somos reféns de aliança. Pretendo buscar aliança em algum momento, mas por uma questão realmente de fortalecer a democracia, de construir pontes. Mas não estou preocupado em me aliar com partido grande.
Acredita que a sua influência nas redes lhe dá vantagem na eleição?
Nenhum dos candidatos da terceira via têm arrancada de 13 milhões de seguidores que estão na base da pirâmide e que sofrem na pele os efeitos da pandemia. Meu engajamento é de longe o maior. Prova disso é que eu começo a pontuar nas pesquisas sem lançar candidatura, sem proposta, nem nada.
Como será seu programa de governo?
A gente está formulando o programa, que vai priorizar a redução das desigualdades sociais, comida na mesa e emprego para o povo. O carro-chefe será um programa de renda mínima que atenda às pessoas menos favorecidas. A ideia é introduzir os mais pobres no mercado de consumo para que a gente possa movimentar a economia e sair dessa crise. Em breve vamos apresentar os estudos que vão apontar o valor e quem serão os beneficiários.
Ações sociais que contemplem uma grande parcela da população são custosas. Teria preocupação em dar um arcabouço fiscal ao país, como já foi a política do teto de gastos?
Não estou preocupado num primeiro momento em dar segurança para o investidor, mas em matar a fome de quem tem que comer. Temos mais de 14 milhões de desempregados. Tem gente comendo osso em açougue.
O nosso ponto de partida é garantir que as pessoas consigam fazer pelo menos duas refeições por dia. Depois vamos ver como a gente pode fazer isso sem estourar as contas públicas, onde dá para cortar, como nos privilégios da classe política e do Judiciário.
Num eventual segundo turno, quem escolheria entre Lula e Bolsonaro?
Sou um democrata. Bolsonaro é um inimigo da democracia. É um projeto de ditador. Bolsonaro nunca será opção: seja contra o Lula, o Moro ou o Ciro. Com ninguém.
O senhor é evangélico, mas não defende a família tradicional heteronormativa?
Eu não concebo a expressão família tradicional. Eu defendo a família, de todas as suas formas e o amor. E espero que a gente possa caminhar para uma democracia amadurecida em que orientação sexual não seja mais pauta de disputa presidencial. Quem é evangélico é o André. O deputado federal e pré-candidato se propõe a governar para todos.
Fonte: O Globo