Técnico se despediu do River Plate depois de oito anos e 14 títulos. Será possível termos um dia uma história assim no Brasil?
Porto Velho, RO - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, marcou para ontem à tarde um evento para nomear três novas ministras, e o fez num parque, com a presença de apoiadores, um local atípico para uma cerimônia como esta, normalmente realizada na Casa Rosada, sede do governo.
Mas o plano de tentar chamar atenção para o ato foi frustrado, segundo os próprios assessores do presidente confidenciaram ao jornal Clarín, porque todo o país estava concentrado em outro evento, também em Buenos Aires, mas a 12 quilômetros de distância dali.
Depois de oito anos e 14 títulos, o técnico Marcelo Gallardo se despediu do River Plate. Ao longo de todo o dia o noticiário sobre as intermináveis crises política e econômica da Argentina foi soterrado por Gallardo, análises sobre seu passado e especulações sobre o futuro do clube que ele revolucionou.
Não poderia ser diferente. Gallardo chegou ao River Plate em junho de 2014 com 38 anos e apenas um trabalho como técnico, no Nacional do Uruguai. Pesava mais o seu histórico de ex-jogador do time, pelo qual ganhou a Copa Libertadores de 1996.
Não poderia ser diferente. Gallardo chegou ao River Plate em junho de 2014 com 38 anos e apenas um trabalho como técnico, no Nacional do Uruguai. Pesava mais o seu histórico de ex-jogador do time, pelo qual ganhou a Copa Libertadores de 1996.
Hoje Gallardo deixa o cargo como o técnico mais vencedor da história do futebol de clubes da Argentina, só comparável a Carlos Bianchi, o arquiteto do Boca Juniors que aterrorizava brasileiros e derrotava europeus no Mundial de Clubes dos anos 2000.
Como escreveu o jornalista Cristian Grosso no La Nación, o River não está perdendo apenas seu técnico, mas também “seu gerente geral, o homem à frente da área esportiva, o supervisor de compras, do marketing, das finanças e da divulgação”. Passaram por ele as reformas no centro de treinamento, a coordenação das categorias de base e até obras no estádio Monumental de Núñez.
A despedida de Gallardo levanta alguns debates interessantes. Gallardo ganhou tantos títulos por que seu trabalho foi longo? Ou seu trabalho só durou por que conquistou os troféus? Seus primeiros passos no cargo foram avassaladores: em 14 meses ganhou a Copa Sul-Americana, a Recopa Sul-Americana e a Copa Libertadores. Será possível termos um dia uma história assim no Brasil? Se foi possível na Argentina, que vive o futebol com a mesma paixão — e, por vezes, a mesma falta de racionalidade...
A despedida de Gallardo levanta alguns debates interessantes. Gallardo ganhou tantos títulos por que seu trabalho foi longo? Ou seu trabalho só durou por que conquistou os troféus? Seus primeiros passos no cargo foram avassaladores: em 14 meses ganhou a Copa Sul-Americana, a Recopa Sul-Americana e a Copa Libertadores. Será possível termos um dia uma história assim no Brasil? Se foi possível na Argentina, que vive o futebol com a mesma paixão — e, por vezes, a mesma falta de racionalidade...
O caso recente mais parecido talvez seja o de Renato Gaúcho entre 2016 e 2021, quando o peso da idolatria quando jogador e os títulos conquistados no início do trabalho permitiram que a relação durasse muito mais tempo do que a média nacional — hoje inferior a seis meses.
Como comparação: Abel Ferreira (aliás, um admirador declarado de Gallardo) fez sua estreia pelo Palmeiras em 5 outubro de 2020. Em 31 de janeiro de 2021 ganhou sua primeira Copa Libertadores. Em 17 de abril de 2021 os muros do CT palmeirense acordaram com pichações contra o treinador português.
O Campeonato Brasileiro de 2022 será vencido pelo Palmeiras porque, naquele momento, os pichadores foram ignorados. Uma das melhores histórias do torneio é a recuperação do Fortaleza, que também não deu ouvidos aos alucinados que pediam a cabeça de Juan Pablo Vojvoda. Quem sabe o exemplo de Gallardo possa servir de inspiração para mais clubes no Brasil.
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO