Morte de jovem sob custódia policial provocou protestos no país
Porto Velho, RO - Oito prisioneiros morreram em consequência de um incêndio na prisão de Evin, em Teerã, no fim de semana, informou o Judiciário iraniano nesta segunda-feira (17). O número de mortos dobrou em relação ao anunciado anteriormente. O incidente aumentou a pressão sobre o governo, que luta para conter protestos em massa.
A morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, enquanto estava sob custódia policial, provocou protestos em todo o país, que as autoridades tentam reprimir à força.
O Judiciário iraniano afirmou que todas as vítimas do incêndio na prisão eram mantidas em seção designada para prisioneiros de crimes relacionados a roubos. Evin também mantém prisioneiros políticos e muitos detidos enfrentando acusações de segurança, incluindo iranianos com dupla nacionalidade.
Autoridades disseram que uma oficina da prisão foi incendiada, "depois de uma briga entre vários prisioneiros condenados por crimes financeiros e roubo". A mídia estatal informou, nesse domingo (16), que as primeiras quatro mortes foram causadas por inalação de fumaça e que mais de 60 pessoas ficaram feridas, quatro delas em estado grave.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, disse que o incêndio em Evin pode ocorrer em qualquer país.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, e a União Europeia (UE) estão entre os que criticaram a repressão de Teerã aos manifestantes. A UE pode impor congelamentos de ativos e proibições de viagem a várias autoridades iranianas envolvidas.
O porta-voz do Judiciário, Masoud Setayeshi, alertou que "difundir mentiras com a intenção de perturbar a opinião pública é punível por lei".
Famílias de alguns detidos políticos foram às redes sociais para pedir às autoridades que garantissem sua segurança em Evin, que em 2018 foi colocada na lista negra do governo dos EUA por "graves abusos de direitos humanos".
Os protestos desencadeados pela morte de Amini, há um mês, se transformaram em um dos maiores desafios aos governantes clericais do Irã desde a revolução de 1979, com manifestantes pedindo a queda da República Islâmica, mesmo que a agitação não pareça perto de derrubar o sistema.
Os protestos foram retomados hoje em Yazd e outras cidades. A conta do Twitter do ativista Tasvir1500, amplamente seguida, exibia um vídeo mostrando pessoas incendiando as ruas e pedindo a morte do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
Fonte: Agência Brasil