Em nota, o Ministério das Relações Exteriores colombiano definiu os comentários como "desrespeitosos e irresponsáveis"
Porto Velho, RO - A Colômbia convocou seu embaixador na Argentina para consultas nesta sexta-feira (26), depois que o presidente argentino Javier Milei chamou seu homólogo colombiano Gustavo Petro de "assassino comunista".
Em uma entrevista com a jornalista Patricia Janiot, Milei chamou Petro de "um assassino comunista que está arruinando a Colômbia". Janiot compartilhou a entrevista com Milei em sua conta no YouTube.
O ministério das Relações Exteriores da Colômbia, em comunicado, chamou os comentários de Milei de "desrespeitosos e irresponsáveis" e disse que eles "violam os laços profundos de amizade, compreensão e cooperação que historicamente uniram Colômbia e Argentina".
Colômbia e Argentina historicamente mantiveram boas relações. No entanto, após a eleição do libertário Milei, as relações entre o novo presidente da Argentina e Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, se deterioraram.
"Eles nos atacam como comunistas, como socialistas, que o estado quer controlar os meios de produção, é claro que aqueles que nos atacam não têm ideia do que é o comunismo, o que é o socialismo", disse Petro em um evento do governo, referindo-se aos comentários de Milei. O governo da Colômbia quer que o povo controle os meios de produção, não o estado, acrescentou.
No final de 2023, Petro já havia criticado o governo argentino pelas propostas para o Ensino Superior previstas na "Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos". No texto, é mantida a gratuidade das universidades públicas para argentinos e estrangeiros que tenham residência permanente no país, por outro lado, libera que essas instituições cobrem mensalidade daqueles que não cumpram os requisitos descritos.
Segundo Gustavo Petro, se a proposta for aprovada, cerca de 20 mil estudantes colombianos que estudam na Argentina, serão expulsos.
REFORMAS TRIBUTÁRIAS SÃO ELIMINADAS DA LEGISLAÇÃO PARA FACILITAR APROVAÇÃO
O novo governo da Argentina retirou importantes reformas de gastos de um amplo projeto de lei no Congresso para facilitar sua aprovação, disse o ministro da Economia na sexta-feira, enfatizando o compromisso do presidente Javier Milei de eliminar o déficit orçamentário.
O ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou a decisão de eliminar disposições controversas da legislação, incluindo a reforma da previdência e tributária, implicando que o libertário Milei buscará cortes de gastos mais rigorosos em outros lugares.
O escritório de Milei descreveu seu compromisso com um orçamento equilibrado como "inquebrantável" em um comunicado após as declarações de Caputo e argumentou que a remoção do chamado capítulo fiscal do projeto de lei deveria garantir sua aprovação pelos legisladores. "
A prioridade é que a lei seja aprovada", escreveu o analista Salvador Vitelli em um post no X.
O anúncio do chefe da economia de Milei marca uma grande concessão, já que o governo espera salvar as perspectivas do projeto de lei no Congresso, onde serão necessários aliados de outros partidos para promulgar a legislação. A proposta já enfrentava forte oposição, e o partido Libertad Avanza do presidente possui apenas um pequeno número de assentos.
Milei, que assumiu o cargo no mês passado, venceu uma vitória eleitoral retumbante com a promessa de conter a inflação de três dígitos, reduzindo drasticamente o papel do governo, incluindo a privatização de empresas estatais e cortes significativos em uma série de subsídios. Desde então, ele reduziu algumas dessas promessas - como a privatização da empresa estatal de petróleo YPF - do texto do projeto de lei.
Em uma coletiva de imprensa, Caputo observou que a inflação - que agora está acima de 200% ao ano - diminuiu fortemente nas últimas duas semanas, após um aumento quando o governo promoveu uma desvalorização antecipada da moeda local no mês passado.
Ele também disse que seu ministério assumiria o controle do portfólio de infraestrutura do país, confirmando relatos anteriores da mídia de que o governo havia se movido para abolir o ministério da infraestrutura.
Fonte: Folha de São Paulo